Nicholas Negroponte reservou uma surpresa especial para os convidados da festa
dos 10 anos do Media Lab: o an·ncio da constituiτπo de um novo cons≤rcio que vai
financiar pesquisas sobre as <A HREF="http://casr.www.media.mit.edu/groups/casr/resnick.html">tecnologias</A> da casa do futuro.
As metas sπo aumentar a seguranτa, o conforto e a convivΩncia das pessoas, atravΘs da integraτπo dos utensφlios domΘsticos, de diferentes fabricantes, num "cΘrebro domΘstico central".<p>
O sonho Θ trazer para o comum dos mortais as facilidades que talvez s≤ Bill
Gates consiga de imediato em sua fabulosa casa de US$ 50 milh⌡es em construτπo
pr≤xima a Seattle. Coisas como fazer com que televisπo, computador, liquidificador,
forno de microondas e luzes funcionem sob comando de voz ou gestos. Ou ainda que
uma maτaneta "reconheτa" alguΘm pelo simples toque da mπo e permita que a pessoa
passe ou nπo por uma determinada porta.<p>
û Nπo estamos aqui para desenvolver idΘias que jß existem, mas para encontrar
coisas novas û gosta de explicar o brasileiro Claudio Pinhanes, que estudou Matemßtica
e Computaτπo na USP e hoje Θ um dos pesquisadores do Media Lab. Ele particularmente
trabalha num projeto em que "cΓmaras espertas" filmariam pessoas em est·dios,
"entendendo" as intenτ⌡es do diretor, a semΓntica e a dinΓmica da cena. ╔ um dos
trabalhos do setor de computaτπo perceptiva.<p>
<IMG SRC="evard.gif"ALIGN=left hspace=8>
Em seu terceiro e ·ltimo dia de visita virtual ao Media Lab, depois de conhecer
Clßudio e lhe contar as ·ltimas do Brasil, que ele s≤ pode ver 15 dias a cada ano, vocΩ
vai para uma sala onde crianτas brincam tranquilamente com blocos de montar Lego,
uma das patrocinadoras de projetos educacionais do laborat≤rio. Ali, a sorridente
pesquisadora <A HREF="http://mevard.www.media.mit.edu/people/mevard/">Michele Evard</A>(<EM>na foto à esquerda</EM>) exp⌡e alguns desses projetos, como o estudo sobre <A HREF="http://mevard.www.media.mit.edu/people/mevard/news.html">como as
crianτas utilizam as notφcias</A>. <p>
û Muitas crianτas (e tambΘm adultos) enxergam as fontes tradicionais de
informaτπo desconectadas de suas vidas. Visando auxiliar as pessoas a fazerem novas
conex⌡es com essas fontes, o NiF incentiva que elas pr≤prias produzam notφcias que lhe
dizem respeito e criem comunidades em que trocarπo idΘias com pessoas de interesse
semelhante.<p>
O estudo demonstrou que as meninas participam mais ativamente que as
mulheres adultas dos "newsgroups" (grupos de discussπo) das redes informatizadas tipo
Internet. ╔ tambΘm maior entre as crianτas que entre os adultos a rejeiτπo αs "flame
wars", ou troca de insultos intermediadas por computador. Da mesma forma como ficou
provado que as crianτas se tornam mais compreensivas em relaτπo α eventual falta de
conhecimento do outro sobre determinado assunto, se a consulta Θ feita via
computador.<p>
û Ela tenta explicar de novo, uma, duas vezes, com mais detalhes. Em geral,
pessoalmente, a crianτa viraria as costas e diria: vocΩ Θ um bobo, nπo sabe nada û
diz Michele Evard.<p>
Sπo projetos assim que constituem a ßrea de observaτπo do consumidor da
informaτπo dentro do NiF. Outro trabalho, ainda com crianτas, demonstrou que o
relacionamento de meninos e meninas de uma comunidade virtual que vivam na mesma
comunidade urbana s≤ tende a crescer, desmentindo suposiτ⌡es de que a informatizaτπo
afasta as pessoas entre si. <p>
Outro <A HREF="http://nif.www.media.mit.edu/abs.html#doppelganger">projeto</A> monitora os usos que a pessoa faz de seus computadores (tais
como agenda, listas de "emails" ou mensagens eletr⌠nicas, etc) e outros hßbitos (tais
como seus deslocamentos fφsico dißrio), objetivando criar modelos padr⌡es de usußrios.
VocΩ provavelmente vai se lembrar do "Grande Irmπo", de George Orwell, mas aqui a
intenτπo nπo Θ espionar o indivφduo, mas ajudß-lo na busca de informaτ⌡es, da forma
mais automßtica possφvel, via sistemas informatizados.<p>
û A mßquina s≤ pode lhe atender bem, se lhe conhecer bem. Melhor ainda se
conhecer e conseguir interpretar suas emoτ⌡es û explica, com bastante entusiasmo,
William Burling, um simpßtico pesquisador de meia idade, longas barbas, que sonha
ainda um dia desenvolver formas de publicidade interativa, unindo emoτπo com
consumo.<p>
Depois do lanche do meio-dia, vocΩ visita no quarto andar a ßrea da <A HREF="http://vlw.www.media.mit.edu/groups/vlw/">"Visible
Language Workshop"</A> (Laborat≤rio da linguagem visφvel). Seu objetivo Θ a integraτπo de
duas linhas de trabalho: o design, forma e conte·do de novos meios eletr⌠nicos com a
relaτπo entre inteligΩncia artificial, grßficos e tecnologia. Ali desenvolvem-se campos
grßficos altamente sofisticados, dinΓmico e interativos para serem utilizados em
prot≤tipos de ferramentas de ediτπo futura. Sπo trabalhos na ßrea que procura criar
novos paradigmas de apresentaτπo e interface da informaτπo dentro do NiF. Um bom
exemplo Θ o projeto <A HREF=" http://nif.www.media.mit.edu/abs.html#landscapes">"Information Landscapes"</A> (Paisagens informativas), que o
pesquisador japonΩs <A HREF="http://suguru.www.media.mit.edu/people/suguru/">Suguru Ishizaki</A> se prop⌡e a lhe mostrar.<p>
Ele lhe mostra, num canto da sala, um imenso monitor de 2000 mil por 6000
"pixels", montado a partir de trΩs monitores Sony de 200 polegadas, o "Data Wall"
(Muro de Dados):<p>
û Esse Θ o maior "display"de alta resoluτπo jß desenvolvido no mundo atΘ hoje.
A idΘia era testar o volume de informaτ⌡es que pode ser disponibilizado de uma s≤ vez
numa tela. Concluφmos, porem, que a dificuldade de consulta pelo usußrio seria imensa,
retornando entπo os trabalhos com o monitor de tamanho normal. Daφ surgiram
pesquisas como esse da apresentaτπo de notφcias "online" num espaτo tridimensional, em
ruptura com a tradicional apresentaτπo em plataforma plana bidimensional.<p>
╔ de encantar: no computador de Suguru estß instalado um software em que a
consulta de informaτ⌡es Θ feita sem saltos descontφnuos entre "pßginas", graτas a uma
paisagem informativa contφnua, constituφda de palavras em diferentes fontes ou sφmbolos
atraentes. Com o simples movimento do mouse, o usußrio "navega" por essa paisagem,
para "pescar" a informaτπo que deseja. └ medida em que o mouse Θ empurrado para
frente, mais "profunda"se torna a busca. Algo que era s≤ um borrπo lß no infinito da tela,
ao se aproximar torna-se a palavra-chave de um determinado assunto. Se a pessoa tem
interesse nisso, basta clicar duas vezes sobre a tal palavra, para que surja entπo, com o
recurso do hipertexto, uma nova "camada" informativa, s≤ sobre aquele assunto.
Bastarß retroceder com o mouse para que, como um efeito de "zoom", o sistema volte
ao ponto de partida. Uma variaτπo desse software permite disponibilizar as informaτ⌡es
sobre um mapa-mundi. └ medida em que o usußrio dß um "zoom"num determinado Paφs,
o foco maior das atenτ⌡es passa a ser essa ßrea, em seguida uma determinada regiπo,
depois uma cidade... Enfim, com uma linguagem natural û um gesto de mπo û qualquer
um controla pelo computador o que deseja saber.<p>
û Um novo vocabulßrio estß sendo inventado, fora dos princφpios tradicionais do
design û diz o pesquisador<p>
û Hoje, alΘm de softwares cada vez mais intuitivos, sistemas cada vez mais
baratos, o aumento da capacidade de armazenamento dos computadores, em paralelo α
sua miniatuarizaτπo, temos avanτos similares nos monitores. Telas planas estπo ficando
maiores, mais baratas e melhores û com maior brilho e contraste, e de alta resoluτπo de
imagem. Num futuro nπo muito distante, poderemos nos utilizar de telas flexφveis
pr≤ximas do que Θ o papel hoje para o ser humano. Quem sabe, o pr≤prio papel... û
completa, entusiasmado, o anfitriπo Walter Bender, que vem se despedir.<p>
╔ o final da visita.Na saφda, surge de repente um imenso e belo "collie" α sua
frente. Nπo, desta vez nπo se trata de um cachorro virtual, mas sim real, pertencente a
uma das secretßrias do laborat≤rio. Mascote dos estudantes. ele circula livremente pelo
prΘdio do Media Lab em dias menos movimentados, como as fΘrias escolares
recΘm encerradas.<p>
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<H4>Por Júlio Moreno</H4>
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<H3><EM>Veja também:</EM></H3>
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<H4><A HREF="lab5.html"><li>O Grupo Estado no Media Lab</A> </H4>